04/05/2022
Russos em volta ao mundo em trimarã inflável chegam a Florianópolis
Tripulação está na Sede Central
Na última semana, a Sede Central do Veleiros da Ilha recebeu uma visita ilustre. Os russos Evgeny Kovalevsky, 65 anos, e Stanislav Berezkin, 53 anos, desembarcaram em Florianópolis em um trimarã inflável. Após saírem da Rússia, a tripulação, formada pelos velejadores nascido na Sibéria, passou por Finlândia, Suécia, Alemanha, França, Holanda, Espanha (incluindo as Ilhas Canárias), Portugal e Cabo Verde antes de chegarem ao Brasil.
A expedição, que nasceu como ideia em 2014, teve como base uma rota desenvolvida ao longo do caminho dos primeiros marinheiros russos ao redor do mundo. Confira a entrevista com os velejadores.
- Como surgiu a ideia de dar a volta ao mundo?
A ideia de dar a volta ao mundo em um veleiro inflável surgiu em 2014. Em 3 anos, uma rota foi desenvolvida ao longo do caminho dos primeiros marinheiros russos ao redor do mundo. As primeiras viagens marítimas ao redor do mundo sob a bandeira russa foram feitas no início do século XIX. Em 2017-2019, foi preparado um projeto que previa a implementação de tarefas importantes para a Rússia: programas educacionais para crianças em idade escolar, pesquisa científica, diplomacia pública.
A missão de paz e amizade entre os povos é a missão prioritária da expedição.
A expedição planeja estabelecer três recordes mundiais em um trimarã inflável à vela. Entre os anos de 2019 e 2021 aconteceu a busca por financiamentos – fundos, patrocinadores, doadores. A expedição começou em São Petersburgo em 1º de julho de 2021.
- Por quais países vocês já passaram? Depois de Floripa qual é o próximo local?
Rússia (início) – Finlândia – Suécia – Alemanha – França – Holanda – Espanha (incluindo as Ilhas Canárias) – Portugal – Cabo Verde – Brasil. No Brasil: Fortaleza – Area Branca – Natal – Cabedelo – Salvador – Ubatuba – Santos – Florianópolis.
De Florianópolis vamos para o Rio Grande do Sul. Prontos para aceitar duas pessoas como tripulantes nesta fase: 5-7 dias 400 milhas náuticas. Os termos de participação são discutidos com a tripulação e preveem uma pequena contribuição para o orçamento da expedição. Posteriormente continuamos para La Paloma no Uruguai. Em seguida é Buenos Aires na Argentina. Em outubro de 2022 partimos para o Cabo Horn.
Em dezembro passaremos pelo Cabo Horn. Mais adiante, em 2023, seguimos para o norte ao longo do Chile até a Baía de Concepción, atravessaremos o Oceano Pacífico e depois o Oceano Índico. Em 2024 voltaremos à Rússia (São Petersburgo) pelo Oceano Atlântico, Mar do Norte, Mar Báltico. Convidamos todos os brasileiros a participar em qualquer etapa que tiverem interesse. Os termos da participação poderão ser alinhados.
- Qual foi o momento de maior dificuldade até agora na viagem?
O Oceano Atlântico foi atravessado a partir de Cabo Verde em direção ao Brasil. A intenção era ir para Salvador. A distância prevista era de cerca de 2000 milhas náuticas. No meio do oceano, antes do anoitecer, a base do mastro foi danificada. Nos encontramos em uma situação bastante complicada. Passamos 12 horas esperando o amanhecer. Quase não havia gasolina e as velas não podiam ser usadas. Passamos toda a noite em estado de emergência. Discutimos a possibilidade de enviar um sinal de SOS. Ligamos por telefone via satélite para a Sede Costeira em Tomsk e em Moscou.
A sede entrou em contato com a embaixada russa. Já a embaixada entrou em contato com a Marinha do Brasil e com o Serviço de Resgate do Brasil. O Serviço de Resgate Brasileiro acionou por rádio um navio porta-contêineres inglês, que era o mais próximo do local e estava a aproximadamente 7 horas do trimarã. O navio porta-contêineres foi instruído a nos evacuar, embora não tenhamos anunciado o SOS. Quando o navio se aproximou do trimarã, a situação foi controlada e a tripulação russa se recusou a evacuar. Naquele momento, um tronco foi improvisado como suporte sob o mastro. A Marinha do Brasil enviou um barco-patrulha com 70 litros de gasolina para o trimarã. Usando essa gasolina, saímos da zona crítica e conseguimos chegar são e salvos em Fortaleza.
- Porque escolheram esse barco especificamente?
Somos viajantes e marinheiros russos. Estamos preparados para viagens inéditas, descobertas e recordes. O trimarã inflável à vela é experimental, é a única embarcação desse tipo no mundo. As condições são as mais próximas possíveis das condições em que navegaram os antigos navegadores e os primeiros circum-navegadores russos. Estamos passando pelas mesmas dificuldades e imbuídos daquelas dificuldades que nossos antecessores superaram, sem nenhum conforto ou mordomia.
O trimarã à vela é privado das comodidades inerentes aos veleiros modernos, aproximando os viajantes das condições de vida dos marinheiros do século XIX. A tripulação não possui uma cabine seca, mecanização do trabalho com velas e nem um banheiro. Isso permite fornecer uma visão correta das condições em que ocorreram as expedições russas do século XIX.
- Quem são os tripulantes?
Evgeny Kovalevsky, 65 anos, líder da expedição, campeão da Rússia em turismo à vela, campeão da Rússia em turismo aquático, mestre dos esportes, detentor do título de Viajante Excepcional da Rússia, professor de geografia.
Stanislav Berezkin, 53 anos, capitão do trimarã à vela, campeão da Sibéria e da Rússia em turismo de vela, mestre de esportes, engenheiro.